quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A merecida e facilitada vida de Vitória


Nunca fui jesuíta nem vieirista, mas admito que um foi um razoável treinador e outro está-se a tornar num muito razoável presidente.

 Neste defeso Vieira resistiu, e bem, se bem que a alternativa fosse muito estreita, a encetar uma fuga para a frente e, não indo no canto de sereia dos comentaristas e empresários futebolísticos, resistiu a contratar por contratar.

Ao fazê-lo, e parecendo que desguarnecia a equipa de futebol, na verdade acabou por reforçar o apoio ao treinador e dar-lhe um voto de confiança. Mas também à equipa.

Vieira tinha afirmado que iria apostar na formação e ao manter a promessa, concretizando-a, de ficar com cinco jogadores oriundos da formação, que já passaram a seis com a inclusão de Vitor Andrade na equipa principal, dos quais três já começaram a jogar oficialmente, acaba por implicitamente afirmar que tem confiança no treinador e que não precisa de mais jogadores vindos do exterior, muito provavelmente e como tantas vezes aconteceu, de duvidosa capacidade para entrar de caras na equipa, para se bater pelo campeonato e fazer os mínimos na Champions League.

Esta opção leva inevitavelmente a baixar as expetativas e por isso mesmo a pôr o treinador numa posição mais cómoda e livre de qualquer percalço.

Se Vieira suportou Jesus para lá do suportável, seria incompreensível e contra toda lógica e forma de pensar dele que Vitória, nesta situação de menor investimento, pudesse sofrer uma maior e mais severa avaliação, logo neste primeiro ano como treinador.

É pois minha convicção que, independentemente das opiniões sobre o perfil ou capacidade de Rui Vitória para liderar a equipa do Benfica, se não vai ter as mesmas condições a nível de jogadores que teve Jesus, vai, pelo menos e nos tempos que correm é bastante importante, contar com um apoio do presidente que o deixará tranquilo durante muito tempo.

E Rui Vitória merece.

Não só porque é justo ter tempo para mostrar o que vale, e o lastro que traz permite-lhe ser concedido o beneficio da dúvida, mas porque tem sido duma lealdade, profissionalismo e correção para com Vieira e para com o clube, que deve ser registado e fica a léguas daqueles que Jesus demonstrou no seu percurso no clube, onde bastas vezes chorou e chorou o suficiente para mamar à grande e à francesa.

Pode pois estar Vitória descansado que não será por falta de apoio de Vieira que falhará no Benfica e a maior prova disso é, paradoxalmente que possa parecer, este menor investimento na parte final da janela de transferências e o deixar bem claro que a aposta é nos jogadores da casa e, consequentemente, num tipo de treinador que Rui Vitória nesta altura melhor personifica.
 
Citizen Red  

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