Nunca fui
jesuíta nem vieirista, mas admito que um foi um razoável treinador e outro
está-se a tornar num muito razoável presidente.
Neste defeso Vieira
resistiu, e bem, se bem que a alternativa fosse muito estreita, a encetar uma
fuga para a frente e, não indo no canto de sereia dos comentaristas e
empresários futebolísticos, resistiu a contratar por contratar.
Ao fazê-lo, e parecendo que desguarnecia a equipa de futebol,
na verdade acabou por reforçar o apoio ao treinador e dar-lhe um voto de
confiança. Mas também à equipa.
Vieira tinha afirmado que iria apostar na formação e ao
manter a promessa, concretizando-a, de ficar com cinco jogadores oriundos da
formação, que já passaram a seis com a inclusão de Vitor Andrade na equipa
principal, dos quais três já começaram a jogar oficialmente, acaba por
implicitamente afirmar que tem confiança no treinador e que não precisa de mais
jogadores vindos do exterior, muito provavelmente e como tantas vezes
aconteceu, de duvidosa capacidade para entrar de caras na equipa, para se bater
pelo campeonato e fazer os mínimos na Champions League.
Esta opção leva inevitavelmente a baixar as expetativas e por
isso mesmo a pôr o treinador numa posição mais cómoda e livre de qualquer
percalço.
Se Vieira suportou Jesus para lá do suportável, seria
incompreensível e contra toda lógica e forma de pensar dele que Vitória, nesta
situação de menor investimento, pudesse sofrer uma maior e mais severa
avaliação, logo neste primeiro ano como treinador.
É pois minha convicção que, independentemente das opiniões
sobre o perfil ou capacidade de Rui Vitória para liderar a equipa do Benfica,
se não vai ter as mesmas condições a nível de jogadores que teve Jesus, vai,
pelo menos e nos tempos que correm é bastante importante, contar com um apoio
do presidente que o deixará tranquilo durante muito tempo.
E Rui Vitória merece.
Não só porque é justo ter tempo para mostrar o que vale, e o
lastro que traz permite-lhe ser concedido o beneficio da dúvida, mas porque tem
sido duma lealdade, profissionalismo e correção para com Vieira e para com o
clube, que deve ser registado e fica a léguas daqueles que Jesus demonstrou no
seu percurso no clube, onde bastas vezes chorou e chorou o suficiente para
mamar à grande e à francesa.
Pode pois estar Vitória descansado que não será por falta de
apoio de Vieira que falhará no Benfica e a maior prova disso é, paradoxalmente que
possa parecer, este menor investimento na parte final da janela de
transferências e o deixar bem claro que a aposta é nos jogadores da casa e,
consequentemente, num tipo de treinador que Rui Vitória nesta altura melhor
personifica.
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